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Conectivos: valores lógico-semânticos – Parte 3

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Conjunções coordenativas

Estabelecem cinco tipos de relações, como se especifica nos exemplos que seguem.

Relação Principais conjunções e locuções conjuntivas Exemplos
Adição
(aditiva)
E, nem, não só…mas também Não só está feliz, como também sorri bastante.
Oposição (adversativa) Mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante Está feliz com a carta, porém continua esperando a chegada do irmão.
Alternância (alternativa) Ou, ou…ou, ora…ora, quer…quer Ora chove torrencialmente, ora há uma seca insuportável.
Explicação (explicativa) Que, pois (antes do verbo), porque, uma vez que Faltou à aula, pois não está na sala.
Conclusão (conclusiva) Pois (em geral, após o verbo), portanto, logo, por isso Não está na sala, portanto não está na sala.

Observações:

1. É comum uma conjunção assumir um valor semântico diferente do que é o usual.

Exemplo:

 É rico, e pede esmolas.
A conjunção “e”, no contexto, assume o valor de oposição

 Fique quieto ou terá de sair.
A conjunção “ou”, no contexto, assume o valor de uma condição.

2. A explicação não deve ser confundida com a causa.

Se existe uma causa, há entre as orações do período uma relação de causa e conseqüência ou causa e efeito. Além disso, a     causa deve ser um fato anterior à conseqüência.

Se existe uma explicação, pode-se considerar duas possibilidades:

• Há uma ordem (verbo no imperativo) que se quer justificar (Saia, que estou mandando.);
• Há uma afirmação sobre um fato que se justifica por uma observação posterior ao fato (Carla saiu, pois as portas e janelas da       casa estão fechadas.).

Conjunções subordinativas

Há dois tipos: integrantes (que relacionam orações subordinadas adverbiais à principal) e outras, às vezes chamadas de adverbiais (que relacionam orações subordinadas adverbiais à principal).

As integrantes são as palavras “que” e “se”. A essa última acrescenta-se um valor de dúvida. Compare:

Jorge disse que saiu.
Jorge não sabe se sairá.

As conjunções subordinativas adverbiais estabelecem nove relações lógicas (semânticas), como se exemplifica a seguir.

Relação Principais conjunções e locuções
conjuntivas
Exemplos
Causa (causal) Porque, uma vez que, já que, visto que Resfriou-se porque insiste em ficar descalço.
Conseqüência (consecutiva) (tão, tanto, tal, na oração principal) que, de modo que Está tão resfriado que mal pode falar.
Condição (condicional) Se, caso, desde que Caso tenha dúvidas, consulte o plantão de atendimento aos alunos.
Concessão (concessiva) Embora, ainda que Ainda que se mostre feliz, meu pai anda muito preocupado.
Comparação (comparativa) Como, (tanto, na oração principal) quanto É tão jovem quanto a filha!
Conformidade (conformativa) Como, conforme, segundo Conforme disse o jornalista, o empresário não quis responder às perguntas.
Tempo (temporal) Quando, assim que, antes que, desde que, depois que, mal Quando cheguei à escola, soube do ocorrido.
Finalidade (final) A fim de que, para que, porque (seguido de verbo no subjuntivo) Estude para que tudo saia bem na prova.
Proporção (proporcional) À proporção que, à medida que, quanto menos, quanto mais À medida que nos aproximamos da praia, o cheiro do mar invade nossos pulmões.

Observações:

1. Uma mesma conjunção pode assumir diferentes valores, em função do contexto. Exemplos:

 Desde que o conheço, não sinto mais solidão.
Você pode sair, desde que cumpra com suas obrigações.

Em “Desde que o conheço, não sinto mais solidão” e “Você pode sair, desde que cumpra com suas obrigações”, ocorre a     locução conjuntiva “desde que”. No primeiro caso, ela estabelece uma relação de tempo; no segundo, de condição.

2. Quando se estabelece uma relação de comparação, é comum que um verbo esteja oculto.
Exemplo

Canta como uma soprano!
    Fica implícito o verbo cantar, na segunda oração(3).

3. Se a oração estabelece com a anterior uma relação de conseqüência, é comum a presença de um intensificador, como “tão”,     “tanto”, “tal”, na primeira oração.

Exemplo:

É tão descuidado, que vive aos tombos pela casa.

1. Ver aula 5
2. Chama-se locução ao conjunto de duas ou mais palavras que possuem uma mesma função. No caso de locuções prepositivas, são palavras que, em conjunto, assumem a função de uma preposição, de conectar palavras com diferentes funções (uma subordina e outra que é subordinada).
3. Chama-se zeugma à omissão de termo já expresso.

Testes

Literatura

Morte e vida severina, João Cabral de Melo Neto

A realidade expressa na concretude da palavra

João Cabral reserva para si um espaço inteiramente próprio e original dentre os poetas de45. Aparticularidade da sua obra manifesta-se sobretudo pela linguagem precisa, econômica, que é responsável por uma poesia de apelo cerebral, intelectual. Não se encontraem João Cabrala confissão, o enlevo ou mesmo o encantamento musical que caracterizam o lirismo nacional.(1) Os versos de João Cabral solicitam a consciência desperta, o compromisso da leitura atenta e oferecem em troca a imagem luminosamente clara da vida que se desnuda exatamente como ela é.(2)

Essa ausência de véus sobre a realidade e o interesse por temas da vida nordestina aproximam João Cabral de Graciliano Ramos(3) que, em seus romances, também combina o uso da palavra “dura”, de sentido concreto, densa e rigorosa à reflexão sobre a condição humana.

Em Morte e vida severina, uma das obras mais conhecidas de João Cabral, a inspiração vem do conhecimento da realidade pernambucana(4) e a propensão natural do poeta por pintar nitidamente imagens do real está presente nas cenas que contam a história de Severino retirante.

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“Coisas de não: fome, sede, privação”

Morte e vida severina é um poema dramático que reafirma o compromisso do autor com a verdade de um Brasil distante do poder, maltratado pela seca, condenado à miséria que se renovaem cada Severino que nasce.

Por ser um auto,(5) incluir assuntos do folclore pernambucano(6) e revitalizar a temática comum aos romances regionalistas, Morte e vida severina é um exemplo particular de poema dramático que mescla a antiga tradição, consagrada desde o período colonial, às expressões mais genuínas da cultura popular do local, sem ser popularesco(7).

Ainda que criada para teatro e pressupondo portanto recursos de encenação, Morte e vida severina se sustenta especialmente na palavra, no ritmo de cadência popular(8) e na força dos monólogos e diálogos. Nessa fala sonora, rigorosa e econômica,(9) os versos do poeta criam um espetáculo que emociona não pelo sentimentalismo fácil,(10) mas pela capacidade de comunicar a verdade da vida definida pelas “coisas de não”, isto é, pela miséria e privação.

O título da obra é representativo dessa capacidade de síntese e de força de comunicação. O adjetivo “severina”, criado a partir do nome “Severino”(11), condensa o sentido de “severo”, “rude”, “áspero”, que é transferido do nome do qual se originou. Com economia de palavras, o poeta esclarece como é a morte e a vida de todos que são iguais a Severino, o protagonista da peça.

“Certos poemas não podem ser lidos em voz baixa, em silêncio…”(12)

É assim, em voz alta e límpida que Severino retirante revela para o público o seu destino tão igual a outros tantos Severinos, que migram para o litoral em busca de menos privação. Nas 18 cenas do auto, narra-se em meio a esperanças e decepções a viagem desse sertanejo que teimaem viver. Desdea primeira fala, Severino manifesta o desejo de distinguir-se, de perceber-se como um indivíduo, mas frustra-se, pois se reconhece idêntico a todos os de igual sina.

“Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida
morremos de morte igual,
mesma morte severina”

O retirante inicia a viagem e, para não se perder, orienta-se pelas margens do rio Capibaribe que, como Severino, vai em direção a Recife. Desde os primeiros passos, Severino se depara com a morte: dois homens conduzem um lavrador assassinado por ter ousado expandir o seu miserável roçado. Nesse contato, amargamente se revela a irônica idéia de que a morte é mais sedutora do que a vida:

“Mais sorte tem o defunto,
irmãos das almas,
pois já não fará na volta
a caminhada”

Mais adiante, Severino ouve rezadeiras aconselharem um defunto a escapar do encontro com o demônio: “Dize que levas somente / coisas de não: / fome, sede, privação.” Esses versos especialmente destacam a vida tão minguada do sertanejo que, ao menos, pode ter o alento de espantar interesses do demônio.

O retirante, cansado da viagem, resolve interromper a caminhada e pedir emprego a uma mulher que se encontrava em uma janela. Oferece-se para cultivar a terra, mas é aconselhado pela mulher a desistir de trabalhos que geram produção, pois naquelas paragens só a morte prospera. Assim, somente rezadeiras, encomendadores de defuntos, médicos, coveiros encontram o que fazer.

“Como aqui a morte é tanta,
só é possível trabalhar
nessas profissões que fazem
da morte ofício ou bazar”

Embora desanimado, Severino continua a viagem. Chega à Zona da Mata, encanta-se com a beleza branda da terra fértil, mas rapidamente entende que ali também não será acolhido. Assiste a um enterro de mais um lavrador e se dá conta de que só há trégua para o árduo destino na cova rasa e estreita a que o trabalhador tem direito nos vastos latifúndios.

“— Esta cova em que estás,
com palmos medida,
é a conta menor
que tiraste em vida.

— É de bom tamanho,
nem largo nem fundo,
é a parte que te cabe
deste latifúndio.”

“É uma cova grande
para teu defunto parco,
porém mais que no mundo
te sentirás largo”

Severino resiste ao acúmulo de tantas desilusões e apressa-se para chegar a Recife. Na capital, exausto da viagem, o sertanejo senta-se ao lado do muro de um cemitério para descansar um pouco e acidentalmente escuta a conversa de dois coveiros que manifestam o desejo de que os retirantes se lancem no rio, reduzindo assim a quantidade de sepultamentos gratuitos no cemitério dos pobres. Severino, desesperançado, compreende a inutilidade da sua busca e pensa em matar-se, lançando-se de uma das pontes do Capiberibe. A dramaticidade desta cena advém principalmente da resistência abalada de Severino que se sente inclinado a ceder à morte, companheira fiel de toda a jornada.

” E chegando, aprendo que,
nessa viagem que eu fazia,
sem saber desde o Sertão
meu próprio enterro eu seguia
(…)
A solução é apressar
a morte a que se decida
e pedir a este rio,
que vem também lá de cima,
que me faça aquele enterro
que o coveiro descrevia”

Prestes a se atirar nas águas volumosas do rio e entregar-se à “mortalha macia e líqüida”, Severino encontra José, mestre carpinteiro, um morador do mocambo, a quem Severino faz uma série de perguntas. Ao discurso de fracasso do protagonista são contrapostas as falas sensatas de mestre José, que valoriza a vida e tenta convencer o retirante a desistir do suicídio. Inesperadamente, uma mulher interrompe a conversa dos dois homens e noticia o nascimento do filho do mestre. Celebra-se a nova vida com cantos de louvor e profecias. Nestas cenas finais, forma-se um Presépio: a criança frágil e miserável já luta pela vida e é acarinhada pela população ribeirinha que, como os Reis Magos, lhe presenteia(13).Oferecem o que se pode colher na natureza. São abacaxis, roletes de cana, jacas, mangas, ostras, siris, peixes para uma vida franzina, “severina” para a qual duas ciganas prevêem um triste destino: uma delas vê a criança como um futuro pescador, enlameado no mangue; a outra o vislumbra, como operário, tomado pela graxa das fábricas.

” Vejo-o, uns anos mais tarde,
na ilha do Maruim
vestido negro de lama
voltar de pescar siris”

“Não o vejo dentro de mangues,
vejo-o dentro de uma fábrica:
se está negro não é lama,
é graxa de sua máquina”

O nascimento da criança é interpretado por mestre José como resposta negativa ao desejo de Severino suicidar-se; por isso, o mestre enaltece o valor da vida, tomando como exemplo a luta precoce que aquela criança frágil empreende. O clima de comemoração contagia a todos e curiosamente o poema se encerra sem a resposta do protagonista, que parece assistir a tudo atentamente, no entanto, não mais se manifesta.

A vida presidida pela morte

Em sua viagem, Severino e o espectador vão descobrindo que não há saída para o nordestino miserável. No sertão, é castigado pelo clima árido, pela violência que rege as relações entre latifundiários e lavradores, pela impossibilidade de cultivar a terra; na zona da mata, percebe que a terra produtiva está em poder de poucos. Na cidade, a riqueza de uma elite que vive e se enterra com luxo, a indiferença dos habitantes da capital, as miseráveis condições dos trabalhadores do mangue e das fábricas perpetuam a mesma sina de privações.

Ainda que nas cenas finais se cantem louvores para o recém-nascido e se reafirme a crença na novidade que a vida sempre carrega, não se firmam grandes esperanças para o mundo dos Severinos. A criança franzina, prematura, raquítica traz a fibra de todos aqueles que só conhecem a vida presidida pela ameaça da morte; o recém-nascido, teimosamente, insiste em viver e por isso é mais uma “vida severina”.(14)

1. A poesia lírica brasileira caracteriza-se especialmente pelo caráter melódico da linguagem e pelo extravasamento emocional. São exemplos Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Cruz e Sousa, assim como os modernistas Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Vinícius de Morais e vários outros.
2. João Cabral manifesta propensão natural para a criação de imagens claras, plasticamente definidas. O poeta confessa ser essa de fato uma necessidade: “Eu quero apenas dar a ver com a minha poesia. Você não vê um poema meu que seja pura reflexão. Minha poesia é tópica, porque sempre o poema é sobre um assunto, que eu procuro dar a ver da maneira mais viva possível.”
3. Quer pela temática da seca, das injustiças sociais perpetuadas por um sistema econômico opressor, quer pela capacidade de síntese, Morte e vida severina lembra Vidas secas, de Graciliano Ramos.
4. O próprio poeta afirma, em 1981, numa entrevista à revista “Manchete”: “…todos os meus temas, os temas tratados na minha poesia, são nordestinos, motivos tirados de lá. Eu faço questão de valorizar a minha origem. E luto para que as suas diferenças em relação aos demais lugares jamais desapareçam. (…) Eu não reconheço nenhum brasileiro. Você conhece? Eu conheço, sim, um pernambucano, um paulista, um carioca.”
5. Auto é uma composição para teatro, organizada por cenas sucessivas, que desenvolvem um só assunto, em um só ato. É uma forma cultivada na Península Ibérica, durante a Idade Média. Muitos dos autos tinham objetivo didático-religioso e comumente constituíam representações natalinas de Presépios.
6. O poeta conta que pesquisou histórias do folclore pernambucano num livro de Pereira da Costa, estudioso do início do século. De lá transpôs a cena do nascimento da criança, as homenagens feitas ao recém-nascido e as profecias das ciganas. 7. Não há em Morte e vida severina registros de modismos ou trejeitos da fala sertaneja, o que poderia resultar em visão estereotipada, caricatural, ao sabor do popularesco.
8. Predomina em Morte e vida severina o verso redondilho maior ou heptassílabo, originado na literatura medieval portuguesa e considerado o verso de melodia mais popular.
9. A linguagem de João Cabral de Melo Neto, de modo semelhante à de Graciliano Ramos, caracteriza-se pelo poder de síntese e precisão.
10. A expressão seca, densa, incisiva denuncia sem disfarces a realidade nordestina.
11. Estabelece-se aqui um permanente retorno aos mesmos sentidos: o substantivo próprio originou-se do adjetivo “severo” e carrega, portanto, o sentido de “rude”, “rígido”, “áspero”, como se o nome próprio fosse a materialização da noção que o adjetivo lhe empresta. A criação do adjetivo “severina” ressalta uma qualificação de maior concretude, pois é como se refletisse o que é intrínseco ao substantivo (ser) de que se derivou e que, por sua vez, já tem em si o sentido de “severo”, “rude”, “rígido”, “áspero”.
12. Declaração de João Cabral.
13. Os presentes são ofertados por moradores de diversos bairros miseráveis de Recife. Como avisou Manuel Bandeira, sem a informação de que “Jaqueira“, “Cajueiro“, “Passarinho“, “Peixinhos“ são localidades ribeirinhas do Capiberibe, os versos de João Cabral seriam surrealistas.
14. Leia o que diz João Cabral sobre o final de Morte e vida severina: “Algumas pessoas encontram em Morte e vida severina uma mensagem de vida, de esperança, outras não. Eu, propositalmente, deixei o final ambíguo. Apesar de ser confessadamente pessimista, neste caso não quis tirar qualquer tipo de conclusão”.

Este texto foi retirado de um documento baixado do site http://www.educacional.com.br

 

 

 

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