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Características das modalidades da língua: oral e escrita – Parte 3

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A NATUREZA DA LINGUAGEM ESCRITA

Assim como a característica fundamental da linguagem oral é o fato de ela ser produzida pela boca e recebida pelos ouvidos, a linguagem escrita se caracteriza fundamentalmente por ser escrita, ou seja, pelo fato de ser ela produzida pela mão e recebida pelos olhos.

Contudo, como já foi dito, não são esses os elementos fundamentais para distingui-las. Os motivos são os mesmos apontados no item anterior.

Também a escrita apresenta as suas particularidades de outras ordens que a tornam uma outra modalidade da língua.

A particularidade de maior importância da escrita é a correção gramatical, sob a qual estão a objetividade, a clareza e a concisão.

Por ser eminentemente uma forma de comunicação em que emissor e receptor estão distantes e, em muitos casos, desconhecidos um do outro, a objetividade, a clareza e a concisão são essenciais. Na falta de compreensão da informação transmitida, normalmente não tem o emissor outra forma de retificar a mensagem se não esperar pela resposta, que pode demorar muito tempo, para tentar numa tréplica, que pode não mais surtir efeito.

Por isso, a correção gramatical ser tão importante. Um texto em que o assunto é apresentado de forma objetiva, cujas idéias concisas (sem rodeios e bem organizadas) tornam o texto claro, tem tudo para ser compreendido pelo receptor e nele provocar o efeito desejado. Daí, ser o texto escrito essencialmente normativo, referencial.

Em nome da correção, a linguagem escrita apresenta um processo de produção muito lento. Não goza o escritor do direito de se valer de artifícios paralinguísticos com a gesticulação e expressão facial.

Não tem o escritor o controle do sistema de recepção em si; ele espera tê-lo, caso tenha a consciência de ter atendido às exigências da norma-padrão.

O escritor não sofre tanta pressão no momento de produção do seu texto, porque não tem as mesmas exigências do processo de produção da fala, em que se monitoram ao mesmo tempo o planejamento e a produto. É, contudo, a meu ver, exatamente o contrário o que ocorre. A responsabilidade do escritor é muito maior. Ele não conta com a conivência do interlocutor que lhe compartilhe um conhecimento do que se expõe. Como disse anteriormente, há casos que o interlocutor é desconhecido. Escrever é um ato solitário e sofre a imposição da correção; para não se correr o risco de ter o seu texto inutilizado por não se tornar um discurso (texto lido e compreendido), sofre o escritor a inexorável pressão da correção gramatical.

Por isso mesmo, o escritor examina o que escreve e usa um tempo considerável na escolha de suas palavras, consultando-as no dicionário quando é necessário.

Eis uma outra particularidade da modalidade escrita: o escritor determina o tempo de produção de seu texto. Nisso, pode comparar a sua produção com o que tinha em mente; mudar suas idéias; reorganizar o texto; acrescentar ou eliminar itens, até que o produto final surja.

O fato de ter o escritor a obrigação de redigir um texto de acordo com as normas de uso padrão nos faz enumerar outras particularidades da linguagem escrita.

A produção do texto escrito se dá de forma coordenada, pois requer planejamento: etapas são traçadas pelo escritor, que a todo o momento as checa, fazendo as mudanças necessárias, para atender às exigências diversas (de ordem gramatical e / ou de outras ordens).

Sob este ponto de vista, pode-se dizer que o planejamento antecede a produção; e, mesmo que haja um replanejamento, durante a produção, ainda estará antecedendo-a, já que o produto constitui o elemento cabal. Não é exatamente esta a condição de produção do texto oral, cujos planejamento e execução ocorrem simultaneamente, o que dificulta um replanejamento, que, quando ocorre, torna complexa a estrutura frasal, que só não terá abalada a sua compreensão, se certos elementos estiverem presentes: o conhecimento compartilhado; cooperativismo entre falante e ouvinte; o princípio da realidade; e recursos linguísticos diversos.

A estrutura sintática da linguagem escrita tende a ser elegante, já sendo bem formada.

Nela se percebem sujeito e predicado, normalmente nesta ordem. Embora seja comum a ocorrência da oração bimembre em ordem direta, também é muito comum encontrarmos o que Givón (1979b) chama de estrutura de tópico-comentário. Ou seja, é comum encontrarmos termos deslocados para a posição de tópico − a posição inicial da oração, que normalmente é ocupada pelo sujeito.

Termos da oração (normalmente bimembre) são geralmente substituídos por orações subordinadas, constituindo períodos compostos. No encaixe dessas orações, o uso de conjunções e locuções conjuntivas é uma normalidade. Os períodos complexos normalmente são de bom tamanho na modalidade escrita, sendo os longos bem estruturados.

Complexidade da sintaxe é, portanto, mais uma característica da linguagem escrita.

Essa complexidade se refere a períodos compostos por subordinação, e não à falta de compreensão do enunciado.

Não há, portanto, fragmentação à semelhança do que se dá na linguagem oral. Na linguagem escrita, as estruturas tendem a ser completas, já que é a frase o seu traço característico.

Nos períodos em que há coordenação, figuram conjunções diferentes de “e”, “mas” e “porém”, além delas. Quando não ocorrem tais conectivos, ocorre a pontuação conveniente; marcadores discursivos típicos da escrita (os homógrafos: “e”, “mas”, “porém” e “então”, os principais) podem ocorrer, mas não com muita freqüência.

O vocabulário da modalidade escrita é muito variado e essencialmente conservador e dependente do grau do nível de formalismo, o que constitui mais uma de suas características particulares.

Como já observei anteriormente, não concordo com Chafe quando defende a hipótese de ser o vocabulário da escrita particular, composto de itens que não ocorrem na modalidade falada. Não se pode determinar quantos e quais os itens que não ocorrem numa dada modalidade, já que as duas se valem do mesmo sistema linguístico. Podem-se, decerto, relacionar itens, que dependendo do grau do nível de formalismo ou coloquialismo (definido pelo objetivo do usuário e do contexto em si) tenham a propensão de ocorrer ou não num dos gêneros de uma das modalidades. Na verdade, nada impede que o modalizador “aí”, por exemplo, típico da modalidade oral, seja usado num texto escrito.

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Logo, é conveniente dizer que um vocabulário de nível mais formal que coloquial caracteriza a linguagem escrita, mas não é conveniente distinguir três tipos de vocabulário, como o fez Chafe: um que ocorre essencialmente na linguagem escrita; outro, essencialmente na linguagem oral; e outro que ocorre igualmente nas duas modalidades.

Ainda em relação ao vocabulário, é uma particularidade da escrita a ocorrência de nominalizações. O escritor procura não repetir estruturas sintáticas ou palavras, por isso é comum na escrita um grande número de sintagmas nominais modificados, isto é, transformações de verbos ou predicados em nomes.

Outra característica da escrita é a ocorrência de declarações passivas. Isto também marca a característica de procurar não repetir estruturas sintáticas e de formar estruturas de tópico. Na escrita, ocorrem os dois tipos de estruturas passivas: a analítica (com o auxílio de “ser” ou similar) e a pronominal (com o uso de pronome apassivador).

Ao contrário do que ocorre na fala, a elisão de termos é frequente e, principalmente, a do sujeito. A representação física do sujeito de 1ª pessoa só ocorre quando se deseja um efeito estilístico.

Uma outra e última particularidade é a preocupação com a coesão referencial. A sinonímia, a elipse, a paráfrase e a substituição por pró-formas são artifícios comuns de serem observados nos textos escritos.

No que se refere à questão do envolvimento e distanciamento, como já foi visto anteriormente, ao contrário da modalidade oral em que predomina o traço de envolvimento, na escrita predomina o traço de distanciamento. Porém, como ambos os traços são determinados pelo contexto e, por conseguinte, podem ser anulados pelo conteúdo, não constitui o traço de distanciamento em si uma particularidade da linguagem escrita.

Admite-se, certamente, que o traço de distanciamento se manifeste com maior freqüência nos gêneros da modalidade escrita da língua, que se caracteriza por ser uma prática eminentemente solitária do escritor.

Assim, são a fala e a escrita dois modos bem diferentes de o usuário representar as suas experiências.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BECHARA, Evanildo. A correção idiomática e o conceito de exemplaridade. In: Azeredo, José C. (org.), Língua em debate: conhecimento e ensino. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 11-8.

BOTELHO, José Mário. A influência da oralidade sobre a escrita. (Monografia inédita). Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 1997.

BROWN, Gillian. Teaching the spoken language. In: Association Internationale de Linguistic Apliquée. Brussel, Proceedings II: Lecture, 1981, p. 166-82.

CHAFE, Wallace; DANIELEWICZ, Jane. Properties of speaking and written language. In: HOROWITZ, Rosalind; SAMUELS, S. Jay (eds.). Comprehending oral and written language. New York: Academic Press, 1987, p. 83-113.

FÁVERO, Leonor Lopes et alii. Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino de língua materna. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2000.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001.

TANNEN, Deborah. The oral / literate continuum in discourse. In: –– (ed.). Spoken and written language: Exploring coherence in spoken and written discourse. Norwood, NJ: Ablex, 1984.

Esta matéria foi retirada do site Filologia.

Bons Estudos!

 

 

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