Redação oficial: aspectos gerais, características fundamentais, padrões, emprego e concordância dos pronomes de tratamento.
Caso preferir, no vídeo abaixo tem esta postagem em áudio e vídeo
Aspectos gerais
1 Panorama da comunicação oficial
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários:
a) alguém que comunique;
b) algo a ser comunicado;
c) alguém que receba essa comunicação.
No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o serviço público; o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão que comunica; e o destinatário dessa comunicação é o público, uma instituição privada ou outro órgão ou entidade pública, do Poder Executivo ou dos outros Poderes.
A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos e nos expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio caráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos e entidades públicos, o que só é alcançado se, em sua elaboração, for empregada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com clareza e objetividade.
2 O que é redação oficial
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige comunicações oficiais e atos normativos. Neste Manual, interessa-nos tratá-la do ponto de vista da administração pública federal.
A redação oficial não é necessariamente árida e contrária à evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com objetividade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência particular etc.
Apresentadas essas características fundamentais da redação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada um de seus atributos.
Características fundamentais
As características fundamentais da redação oficial são os atributos
3 Atributos da redação oficial
Falarei de forma resumida os atributos da redação oficial, mas caso queira aprofundar mais recomendo a leitura direto no Manual de Redação da Presidência da República.
A redação oficial deve caracterizar-se por:
clareza e precisão:
Clareza:
Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor, sem passagens obscuras, que dificulte ou impossibilite sua compreensão.
Para a obtenção de clareza, devemos usar palavras e expressões simples, salvo quando o texto for técnico; Usar frases curtas e bem estruturadas, não utilizar regionalismos e neologismos e utilizar a pontuação correta.
Precisão: A precisão complementa a clareza e caracteriza-se por:
Articulação da linguagem comum ou técnica para a perfeita compreensão da ideia veiculada no texto; Evitar sinônimos para dar estilo ao texto e evitar expressão ou palavra que possam dar duplo sentido ao texto.
É muito importante a revisão do texto;
objetividade:
Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias.
A objetividade conduz o leitor ao contato mais direto com o assunto e com as informações, sem subterfúgios, sem excessos de palavras e de ideias. É errado supor que a objetividade suprime a delicadeza de expressão ou torna o texto rude e grosseiro.
concisão:
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir o máximo de informações com o mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, não se deve eliminar passagens substanciais do texto com o único objetivo de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de excluir palavras inúteis, redundâncias e passagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto deve evitar caracterizações e comentários supérfluos, adjetivos e advérbios inúteis, subordinação excessiva.
coesão e coerência:
É indispensável que o texto tenha coesão e coerência. Tais atributos favorecem a conexão, a ligação, a harmonia entre os elementos de um texto. Percebe-se que o texto tem coesão e coerência quando se lê um texto e se verifica que as palavras, as frases e os parágrafos estão entrelaçados, dando continuidade uns aos outros.
Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a coerência de um texto são: referência, substituição, elipse e uso de conjunção.
impessoalidade:
O autor não deve expressar opiniões pessoais ou fazer juízo de valor sobre o assunto.
A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço público e sempre em atendimento ao interesse geral dos cidadãos. Sendo assim, os assuntos objetos dos expedientes oficiais não devem ser tratados de outra forma que não a estritamente impessoal.
formalidade e padronização:
Formalidade: A redação deve ser polida e seguir as regras de gramática e vocabulário
Padronização: A redação deve seguir o padrão culto de linguagem e a norma-padrão da língua portuguesa.
uso da norma-padrão da língua portuguesa.
Pode-se concluir que não existe propriamente um padrão oficial de linguagem, o que há é o uso da norma-padrão nos atos e nas comunicações oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se consagre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
No próximo vídeo falarei sobre as COMUNICAÇÕES OFICIAIS