O mundo africano e a construção do espaço negro nas Américas
Para compreendermos como os africanos tiveram papel relevante na nossa história e como constituíram um fundamento essencial para a história do povo brasileiro, percorremos um pouco os caminhos por onde tiveram que passar para chegarem no Brasil.
A escravidão
A montagem da empresa colonial na América portuguesa colocou a mão de obra negra africana como indispensável.
Os africanos foram escravizados por causa dos grandes lucros proporcionados pela empresa mercantilista europeia, que se valia do tráfico negreiro internacional.
No século XIV escravos africanos foram utilizados em atividades artesanais e domésticas na França e na Inglaterra, bem como em muitas colônias europeias.
Era comum os mercadores portugueses invadirem o continente africano e fazerem capturas nas tribos. Os africanos eram aprisionados e submetidos de forma violentas às ordens dos dominadores que os transportavam para a América.
Outra forma de apreensão dava-se por meio dos conflitos intertribais, ou seja, as tribos em conflitos, e as vencedoras vendiam ou trocavam as derrotadas, negociando com os mercadores europeus, muitas vezes em troca de ouro, cobre ou simplesmente por produtos como fumo e cachaça, em uma prática que, para muitos, poderia sem considerada como escambo.
O caminho para o Brasil
Eles eram levados para os portos de Recife e Salvador, nos séculos XVI e XVII, e para o Rio de Janeiro, no século XVIII.
Das nações africanas que aqui chegaram, podemos mencionar os Bantos, trazidos de Moçambique, angola e Congo; E os sudaneses, oriundos da Costa do Marfim, Nigéria e Daomé.
A igreja
A igreja acabou sendo um instrumento da metrópole portuguesa, ao dar suporte ideológico, empregando argumentos de ordem religiosa para justificar a exploração da escravidão negra.
Dentre as mentalidades mentirosas e perversas, que causavam grandes distorções no entendimento dos colonos, temos como exemplo a afirmação de que “os africanos eram serem que não tinham alma, África era o inferno, e a América era o purgatório. Os africanos deveriam se manter fieis aos seus senhores, para que, por meio do trabalho, viessem a alcançar a redenção”.
As torturas que foram empregadas eram as mais diversas; chicotadas, amputações, marcações por ferro, prisões e tantos outros males que feriam a dignidade humana.
A reação
Não suportando tamanha humilhação e sofrimento, a comunidade negra instalada na colônia passou a reagir: fugas, motins, execuções de feitores, incêndios, ciladas armadas para senhores de engenho, além do próprio suicídio e aborto; buscavam várias formas de impedir que continuassem sendo alvo do trabalho forçado.
Algumas práticas religiosas, incluindo rituais de feitiçaria, eram uma forma de oposição da comunidade negra escrava diante da religião e do Deus do branco. Eles acreditavam que lançar feitiços poderia produzir enfermidades e até a morte de membros da família do senhor de engenho, bem como dos próprios feitores.
A resistência
Das formas de resistência negra, a que mais representou maior impacto foi a constituição de núcleos de resistência escrava, os quilombos, pequenas concentrações que representavam a África, na forma de organização politica, social e econômica.
Existiram quilombos em Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, mas o mais importante foi o quilombo de Palmares, em Alagoas. Este, localizado na Serra da Barriga, chegou a reunir uma população de aproximadamente 50 mil habitantes, tendo um crescimento significativo na época da invasão holandesa em Pernambuco, o que gerou uma desordem no sistema de controle escravista, permitindo um número maior de fugas para o quilombo.
A economia quilombola girava em torno de uma atividade agrícola de subsistência; seus habitantes não eram apenas negros fugitivos, mas mestiços, brancos pobres foragidos da justiça e índios.
Palmares cresceu de tal forma que acabou que acabou se comunicando com regiões vizinhas, promovendo uma atividade de troca.
O heroísmo do núcleo de resistência africana à escravidão se imortalizou na figura de Zumbi dos Palmares, liderança que foi mitificada como bandeira da resistência negra contra a exploração no Brasil.
O quilombo de Palmares que tanto resistiu a diversas incursões sobre seus arraiais, foi destruído por completo em 1695, com a derrubada de seu núcleo principal, a Cerca Real dos Macacos, pela ação do grupo de Domingos Jorge Velho.
O dia 20 de novembro, data da execução de Zumbi, foi consagrado como o dia da consciência negra, uma bandeira pela resistência ao racismo contra a exploração de minorias étnicas e um símbolo da luta racial e democrática no Brasil.
A influência da cultura africana
A influência da cultura africana, no Brasil, compôs uma das bases para nossa identidade, juntamente com a cultura indígena e europeia.
Se a parte da casa que apresenta as melhores iguarias e gostosuras é considerada a cozinha, para alguns sociólogos, a Bahia seria a nossa cozinha, já que grande parte da contribuição para a formação do povo e de nossa cultura tem suas origens lá.
Essa contribuição pode ser sentida das mais diferentes formas: nos ritmos, na dança, no batuque, no vocabulário, na culinária, nas formas de devoção e no sincretismo religioso que avançou por meu do catolicismo popular.
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